Questões de português
Tópicos de Português (não classificadas)
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 68 a 70
Vivendo e...
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que
se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse
equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do
polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha
quando era garoto. (...)
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito,
com os polegares para dentro, e assoprando pelo
buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive
variava de tom conforme o posicionamento das mãos.
Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a fórmula
de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e
muita confusão na cozinha, de onde éramos expulsos
sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a
contar depois de ver um relâmpago e o número a que
chegasse quando ouvia a trovoada, multiplicado por
outro número, dava a distância exata do relâmpago.
Não me lembro mais dos números. (...)
Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira
vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre
os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o
cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com
prática, conseguia-se controlar a trajetória elíptica da
cusparada com uma mínima margem de erro. Era puro
instinto. Hoje o mesmo feito requereria complicados
cálculos de balística, e eu provavelmente só acertaria a
frente da minha camisa. Outra habilidade perdida.
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É
vivendo e .................... . Não falo daquelas coisas que
deixamos de fazer porque não temos mais as condições
físicas e a coragem de antigamente, como subir em
bonde andando – mesmo porque não há mais bondes
andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes
que nos abandonaram. Algumas até úteis. Quem nunca
desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para
acertar em algum alvo contemporâneo, bem no olho, e
depois sair correndo? Eu já.
Luís F. Veríssimo, Comédias para se ler na escola.
Considere as seguintes substituições propostas
para diferentes trechos do texto:
I. “o número a que chegasse” (L. 14-15) = o número a
que alcançasse.
II. “Lembro o orgulho” (L. 18) = Recordo-me do
orgulho.
III. “coisas que deixamos de fazer” (L. 28-29) = coisas
que nos descartamos.
IV. “não há mais bondes” (L. 31) = não existe mais
bondes.
A correção gramatical está preservada apenas no que
foi proposto em
a) I.
b) II.
c) III.
d) II e IV.
e) I, III e IV.
resposta:Alternativa B.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 71 a 73
A essência da teoria democrática é a supressão de
qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou
na crença de que os conflitos e problemas humanos -
econômicos, políticos, ou sociais - são solucionáveis
pela educação, isto é, pela cooperação voluntária,
mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro
que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos
melhores conhecimentos existentes e, assim, a
pesquisa científica nos campos das ciências naturais e
das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais
ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses
conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
termos que os tornem acessíveis a todos.
Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.
De acordo com o texto, a sociedade será
democrática quando
a) sua base for a educação sólida do povo, realizada
por meio da ampla difusão do conhecimento.
b) a parcela do público que detém acesso ao
conhecimento científico e político passar a controlar
a opinião pública.
c) a opinião pública se formar com base tanto no
respeito às crenças religiosas de todos quanto no
conhecimento científico.
d) a desigualdade econômica for eliminada, criando-se,
assim, a condição necessária para que o povo seja
livremente educado.
e) a propriedade dos meios de comunicação e difusão
do conhecimento se tornar pública.
resposta:Alternativa A.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 71 a 73
A essência da teoria democrática é a supressão de
qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou
na crença de que os conflitos e problemas humanos -
econômicos, políticos, ou sociais - são solucionáveis
pela educação, isto é, pela cooperação voluntária,
mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro
que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos
melhores conhecimentos existentes e, assim, a
pesquisa científica nos campos das ciências naturais e
das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais
ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses
conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
termos que os tornem acessíveis a todos.
Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.
No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego
do termo “chamadas” indica que o autor
a) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma
análise crítica da sociedade.
b) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
c) prefere a denominação “teoria social” à
denominação “ciências sociais”.
d) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
e) utiliza com reserva a denominação “ciências
sociais”.
resposta:Alternativa E.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 71 a 73
A essência da teoria democrática é a supressão de
qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou
na crença de que os conflitos e problemas humanos -
econômicos, políticos, ou sociais - são solucionáveis
pela educação, isto é, pela cooperação voluntária,
mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro
que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos
melhores conhecimentos existentes e, assim, a
pesquisa científica nos campos das ciências naturais e
das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais
ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses
conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
termos que os tornem acessíveis a todos.
Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.
Dos seguintes comentários linguísticos sobre
diferentes trechos do texto, o único correto é:
a) Os prefixos das palavras “imposição” e “imparcial”
têm o mesmo sentido.
b) As palavras “postulado” e “crença” foram usadas no
texto como sinônimas.
c) A norma-padrão condena o uso de “essa”, no trecho
“essa opinião”, pois, nesse caso, o correto seria usar
“esta”.
d) A vírgula empregada no trecho “e a difusão desses
conhecimentos, a mais completa” indica que, aí,
ocorre a elipse de um verbo.
e) O pronome sublinhado em “que os tornem” tem
como referente o substantivo “termos”.
resposta:Alternativa D.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 74 a 77
V – O samba
À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um
maciço de construções, ao qual às vezes recortam no
azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas
fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que
tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes
com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões
que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão,
que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o
samba com um frenesi que toca o delírio. Não se
descreve, nem se imagina esse desesperado
saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudarse.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no
cangote das mães, ou se enrolam nas saias das
raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e
pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um
desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido,
que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou
consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe
em seco. (...)
José de Alencar, Til.
(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.
Para adequar a linguagem ao assunto, o autor
lança mão também de um léxico popular, como atestam
todas as palavras listadas na alternativa
a) saracoteio, brasido, rabanar, senzalas.
b) esperneiam, senzalas, pincham, delírio.
c) saracoteio, rabanar, cangote, pincham.
d) fazenda, rabanar, cinzas, esperneiam.
e) delírio, cambalhotas, cangote, fazenda.
resposta:Alternativa C.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 74 a 77
V – O samba
À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um
maciço de construções, ao qual às vezes recortam no
azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas
fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que
tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes
com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões
que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão,
que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o
samba com um frenesi que toca o delírio. Não se
descreve, nem se imagina esse desesperado
saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudarse.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no
cangote das mães, ou se enrolam nas saias das
raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e
pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um
desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido,
que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou
consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe
em seco. (...)
José de Alencar, Til.
(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.
Na composição do texto, foram usados,
reiteradamente,
I. sujeitos pospostos;
II. termos que intensificam a ideia de movimento;
III. verbos no presente histórico.
Está correto o que se indica em
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.
resposta:Alternativa E.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 74 a 77
V – O samba
À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um
maciço de construções, ao qual às vezes recortam no
azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas
fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que
tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes
com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões
que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão,
que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o
samba com um frenesi que toca o delírio. Não se
descreve, nem se imagina esse desesperado
saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudarse.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no
cangote das mães, ou se enrolam nas saias das
raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e
pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um
desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido,
que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou
consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe
em seco. (...)
José de Alencar, Til.
(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.
Ao comentar o romance Til e, inclusive, a cena do
capítulo “O samba”, aqui reproduzida, Araripe Jr.,
parente do autor e estudioso de sua obra, observou que
esses são provavelmente os textos em que Alencar
“mais se quis aproximar dos padrões” de uma “nova
escola”, deixando, neles, reconhecível que, “no
momento” em que os escreveu, “algum livro novo o
impressionara, levando-o pelo estímulo até superfetar*
a sua verdadeira índole de poeta”. Alguns dos
procedimentos estilísticos empregados na cena aqui
reproduzida indicam que a “nova escola” e o “livro novo”
a que se refere o crítico pertencem ao que historiadores
da literatura chamaram de
(*) “superfetar” = exceder, sobrecarregar, acrescentar-se (uma
coisa a outra).
a) Romantismo-Condoreirismo.
b) Idealismo-Determinismo.
c) Realismo-Naturalismo.
d) Parnasianismo-Simbolismo.
e) Positivismo-Impressionismo.
resposta:Alternativa C.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões de 74 a 77
V – O samba
À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um
maciço de construções, ao qual às vezes recortam no
azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas
fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que
tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes
com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões
que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão,
que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o
samba com um frenesi que toca o delírio. Não se
descreve, nem se imagina esse desesperado
saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudarse.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no
cangote das mães, ou se enrolam nas saias das
raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e
pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um
desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido,
que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou
consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe
em seco. (...)
José de Alencar, Til.
(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.
Considerada no contexto histórico a que se refere
Til, a desenvoltura com que os escravos, no excerto, se
entregam à dança é representativa do fato de que
a) a escravidão, no Brasil, tal como ocorreu na América
do Norte e no Caribe, foi branda.
b) se permitia a eles, em ocasiões especiais e sob
vigilância, que festejassem a seu modo.
c) teve início nas fazendas de café o sincretismo das
culturas negra e branca, que viria a caracterizar a
cultura brasileira.
d) o narrador entendia que o samba de terreiro era, em
realidade, um ritual umbandista disfarçado.
e) foi a generalização, entre eles, do alcoolismo, que
tornou antieconômica a exploração da mão de obra
escrava nos cafezais paulistas.
resposta:Alternativa B.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Em Viagens na minha terra, assim como em
a) Memórias de um sargento de milícias, embora se
situem ambas as obras no Romantismo, criticam-se
os exageros de idealização e de expressão que
ocorrem nessa escola literária.
b) A cidade e as serras, a preferência pelo mundo rural
português tem como contraponto a ojeriza às
cidades estrangeiras – Paris, em particular.
c) Vidas secas, os discursos dos intelectuais são vistos
como “a prosa vil da nação”, ao passo que a
sabedoria popular “procede da síntese
transcendente, superior e inspirada pelas grandes e
eternas verdades”.
d) Memórias póstumas de Brás Cubas, a prática da
divagação e da digressão exerce sobre todos os
valores uma ação dissolvente, que culmina, em
ambos os casos, em puro niilismo.
e) O cortiço, manifestam-se, respectivamente, tanto o
antibrasileirismo do escritor português quanto o
antilusitanismo do seu par brasileiro, assim como o
absolutismo do primeiro e o liberalismo do segundo.
resposta:Alternativa A.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões 79 e 80
Ata
Acredito que o mau tempo haja concorrido para que
os sabadoyleanos* hoje não estivessem na casa de
José Mindlin, em São Paulo, gozando das delícias do
cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do
almoço, visita aos livros dialogantes, na expressão de
Drummond, não sabemos se no rigoroso sistema de
vigilância de Plínio Doyle, mas de qualquer forma com
as gentilezas das reuniões cariocas. Para o amigo de
São Paulo as saudações afetuosas dos ausentespresentes,
que neste instante todos nos voltamos para
o seu palácio, aquele que se iria desvestir dos ares
aristocráticos para receber camaradescamente os
descamisados da Rua Barão de Jaguaribe.
Guarde, amigo Mindlin, para breve o cuscuz da
tradição bandeirante, que hoje nos conformamos com
os biscoitos à la Plínio Doyle.
Rio, 20-11-1976.
Signatários: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de
Mendonça Teles, Plínio Doyle e outros.
Cartas da biblioteca Guita e José Mindlin. Adaptado.
* “sabadoyleanos”: frequentadores do sabadoyle, nome dado
ao encontro de intelectuais, especialmente escritores,
realizado habitualmente aos sábados, na casa do bibliófilo
Plínio Doyle, situada no Rio de Janeiro.
Da leitura do texto, depreende-se que
a) o anfitrião carioca, embora gentil, é cioso de sua
biblioteca.
b) o anfitrião paulista recebeu com honrarias os amigos
cariocas, que visitaram a sua biblioteca.
c) os cariocas não se sentiram à vontade na casa do
paulista, a qual, na verdade, era uma mansão.
d) os cariocas preferiram ficar no Rio de Janeiro,
embora a recepção em São Paulo fosse convidativa.
e) o fracasso da visita dos cariocas a São Paulo abalou
a amizade dos bibliófilos.
resposta:Alternativa A.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões 79 e 80
Ata
Acredito que o mau tempo haja concorrido para que
os sabadoyleanos* hoje não estivessem na casa de
José Mindlin, em São Paulo, gozando das delícias do
cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do
almoço, visita aos livros dialogantes, na expressão de
Drummond, não sabemos se no rigoroso sistema de
vigilância de Plínio Doyle, mas de qualquer forma com
as gentilezas das reuniões cariocas. Para o amigo de
São Paulo as saudações afetuosas dos ausentespresentes,
que neste instante todos nos voltamos para
o seu palácio, aquele que se iria desvestir dos ares
aristocráticos para receber camaradescamente os
descamisados da Rua Barão de Jaguaribe.
Guarde, amigo Mindlin, para breve o cuscuz da
tradição bandeirante, que hoje nos conformamos com
os biscoitos à la Plínio Doyle.
Rio, 20-11-1976.
Signatários: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de
Mendonça Teles, Plínio Doyle e outros.
Cartas da biblioteca Guita e José Mindlin. Adaptado.
* “sabadoyleanos”: frequentadores do sabadoyle, nome dado
ao encontro de intelectuais, especialmente escritores,
realizado habitualmente aos sábados, na casa do bibliófilo
Plínio Doyle, situada no Rio de Janeiro.
As expressões “ares aristocráticos” e
“descamisados” relacionam-se, respectivamente,
a) aos “sabadoyleanos” e a Plínio Doyle.
b) a José Mindlin e a seus amigos cariocas.
c) a “gentilezas” e a “camaradescamente”.
d) aos signatários do documento e aos amigos de São
Paulo.
e) a “reuniões cariocas” e a “tradição bandeirante”.
resposta:Alternativa B.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Leia o seguinte texto.
O autor pensava estar romanceando o processo
brasileiro de guerra e acomodação entre as raças, em
conformidade com as teorias racistas da época, mas, na
verdade, conduzido pela lógica da ficção, mostrava um
processo primitivo de exploração econômica e formação
de classes, que se encaminhava de um modo
passavelmente bárbaro e desmentia as ilusões do
romancista.
Roberto Schwarz. Adaptado.
Esse texto crítico refere-se ao livro
a) Memórias de um sargento de milícias.
b) Til.
c) O cortiço.
d) Vidas secas.
e) Capitães da areia.
resposta:Alternativa C.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Em quatro das alternativas abaixo, registram-se
alguns dos aspectos que, para bem caracterizar o
gênero e o estilo das Memórias póstumas de Brás
Cubas, o crítico J. G. Merquior pôs em relevo nessa
obra de Machado de Assis. A única alternativa que,
invertendo, aliás, o juízo do mencionado crítico, aponta
uma característica que NÃO se aplica à obra em
questão é:
a) ausência praticamente completa de distanciamento
enobrecedor na figuração das personagens e de
suas ações.
b) mistura do sério e do cômico, de que resulta uma
abordagem humorística das questões mais cruciais.
c) ampla liberdade do texto em relação aos ditames da
verossimilhança.
d) emprego de uma linguagem que evita chamar a
atenção sobre si mesma, apagando-se, assim, por
detrás da coisa narrada.
e) uso frequente de gêneros intercalados - por
exemplo, cartas ou bilhetes, historietas etc.
- embutidos no conjunto da obra global.
resposta:Alternativa D.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Os momentos históricos em que se desenvolvem
os enredos de Viagens na minha terra, Memórias de
um sargento de milícias e Memórias póstumas de
Brás Cubas (quanto a este último, em particular no que
se refere à primeira juventude do narrador) são, todos,
determinados de modo decisivo por um antecedente
histórico comum – menos ou mais imediato, conforme o
caso. Trata-se da
a) invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas.
b) turbulência social causada pelas revoltas regenciais.
c) volta de D. Pedro I a Portugal.
d) proclamação da independência do Brasil.
e) antecipação da maioridade de D. Pedro II.
resposta:Alternativa A.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões 84 e 85
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua
[geral).
Quando houve revolução, os soldados se espalharam
[no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.
Leia as seguintes afirmações sobre o poema de
Drummond, considerado no contexto do livro a que
pertence:
I. No conjunto formado pelos poemas do livro, a
referência ao Morro da Babilônia - feita no título do
texto - mais as menções ao Leblon e ao Méier, a
Copacabana, a São Cristóvão e ao Mangue,
- presentes em outros poemas -, sendo todas, ao
mesmo tempo, espaciais e de classe, constituem
uma espécie de discreta topografia social do Rio de
Janeiro.
II. Nesse poema, assim como ocorre em outros textos
do livro, a atenção à vida presente abre-se também
para a dimensão do passado, seja ele dado no
registro da história ou da memória.
III. A menção ao “cavaquinho bem afinado”, ao cabo do
poema, revela ter sido nesse livro que o poeta
finalmente assumiu as canções da música popular
brasileira como o modelo definitivo de sua lírica,
superando, assim, seu antigo vínculo com a poesia
de matriz culta ou erudita.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
resposta:Alternativa B.
(Fuvest 2013) (FUVEST-2013)Texto para as questões 84 e 85
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua
[geral).
Quando houve revolução, os soldados se espalharam
[no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.
Guardadas as diferenças que separam as obras a
seguir comparadas, as tensões a que remete o poema
de Drummond derivam de um conflito de
a) caráter racial, assim como sucede em A cidade e as
serras.
b) grupos linguísticos rivais, de modo semelhante ao
que ocorre em Viagens na minha terra.
c) fundo religioso e doutrinário, como o que agita o
enredo de Til.
d) classes sociais, tal como ocorre em Capitães da
areia.
e) interesses entre agregados e proprietários, como o
que tensiona as Memórias póstumas de Brás
Cubas.
resposta:Alternativa D.
(Unesp 2013) (Unesp 2013)Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base
um texto de Millôr Fernandes (1924-2012).
Os donos da comunicação
Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se
cuidem porque os donos da comunicação duram muito mais.
Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam
a TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando
a gente soma tudo, os donos da comunicação ainda tão por
cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam
nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos
horários nobres e mandam no society que morre se o nome
não aparecer nas colunas.
Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só
de longe. E ninguém fala mal deles por escrito porque quem
fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara
nos “veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na
Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei. O que também é
muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em
cima. Basta ver o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas,
só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora vocês
já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só
deixam sair 10% do que sabem?
Pois é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo,
todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar
mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim,
teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo
do jornal em quatro linhas.
(Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.)
Para Millôr Fernandes, no texto apresentado, os donos da comunicação
são
(A) produtores de tecnologia de informação e comunicação.
(B) dirigentes de órgãos governamentais que regem a comunicação
no país.
(C) proprietários de veículos de comunicação em massa.
(D) apresentadores de telejornais e programas populares de
televisão.
(E) funcionários executivos de empresas de publicidade.
resposta:[C]
(Unesp 2013) (Unesp 2013)Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base
um texto de Millôr Fernandes (1924-2012).
Os donos da comunicação
Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se
cuidem porque os donos da comunicação duram muito mais.
Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam
a TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando
a gente soma tudo, os donos da comunicação ainda tão por
cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam
nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos
horários nobres e mandam no society que morre se o nome
não aparecer nas colunas.
Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só
de longe. E ninguém fala mal deles por escrito porque quem
fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara
nos “veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na
Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei. O que também é
muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em
cima. Basta ver o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas,
só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora vocês
já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só
deixam sair 10% do que sabem?
Pois é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo,
todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar
mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim,
teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo
do jornal em quatro linhas.
(Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.)
Millôr Fernandes emprega com conotação irônica o termo inglês
society, para referir-se a
(A) pessoas dedicadas ao desenvolvimento da sociedade.
(B) pessoas que fazem caridade apenas para aparecer nos
jornais.
(C) sociedades de atores de teatro, cinema e televisão.
(D) norte-americanos ou ingleses muito importantes, residentes
no país.
(E) indivíduos presunçosos da chamada alta sociedade.
resposta:[E]
(Unesp 2013) (Unesp 2013)Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base
um texto de Millôr Fernandes (1924-2012).
Os donos da comunicação
Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se
cuidem porque os donos da comunicação duram muito mais.
Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam
a TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando
a gente soma tudo, os donos da comunicação ainda tão por
cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam
nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos
horários nobres e mandam no society que morre se o nome
não aparecer nas colunas.
Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só
de longe. E ninguém fala mal deles por escrito porque quem
fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara
nos “veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na
Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei. O que também é
muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em
cima. Basta ver o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas,
só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora vocês
já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só
deixam sair 10% do que sabem?
Pois é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo,
todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar
mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim,
teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo
do jornal em quatro linhas.
(Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.)
Com a frase Parece que é a lei, no segundo parágrafo, o humorista
tenta explicar que
(A) as pessoas poderosas se unem em sociedades secretas.
(B) o poder dos donos da comunicação parece ter força de lei.
(C) parece que a lei não existe no mundo da comunicação.
(D) o poder dos grandes empresários emana de uma lei que
os protege.
(E) as leis não foram criadas para proteger os cidadãos.
resposta:[B]
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